segunda-feira, 29 de outubro de 2007

III Fórum Social Sul (Uma interpretação)

Pois é povo....O Fórum Social Sul aconteceu, aqui no Grajaú, nesse fim de semana (sábado, 27/10), e pra nós foi muito significativo ter participado das atividades do mesmo, apesar das dificuldades com a chuva (Muita CHUVA) e com o ritmo intenso de muitas coisas pra um dia só!!!
Para enfatizar algumas questões que consideramos de grande importância durante os grupos de discussão e propostas, fica a questão da Educação, tanto formal quanto informal, como caminho central no percorrer das melhoras refletidas para as comunidades da região, e da importância de se traçar estratégias de participação efetiva da população pra fazer valer a prática mais que o discurso.
Além dos grupos temáticos, que realizaram as discussões e fizeram as explanações sobre os temas debatidos, também aconteceu as oficinas e uma mostra de cultura com os arteiros da região...
Nessa Noite Cutural rolaram várias apresentações representando as mais diversas vertentes da arte periférica:
Dança de Rua, teatro, sapateado e os shows musicais, com Forró, o Rap (representado pelo Xemalami, Apologia AC, Terra Preta e Mentes Criativas) e a música alternativa da Brado m'Bando!!!
Muitas entidades, grupos, associações, jovens, adultos, energia, experiência....Ainda que com dificuldades na própria compreensão das linguagens e estratégias de ação de cada um, foi possível perceber que existe no Grajaú a possibilidade do diálogo entre os diferentes, e que a proposta original das edições do Fórum Social Mundial se faz presente aqui:
“Um outro mundo (e a periferia) é possível, necessário e urgente!!!”
“Um mundo onde caibam muitos mundos!!!”

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Bailado do Nego Nagô


O Bailado do Nego Nagô!!!

O Bailado no Nego Nagô.... A dança guerreira que chegou
O Bailado no Nego Nagô....Meu ancestral, eu sei que dançou
O Bailado no Nego Nagô....Quebrou a corrente, se libertou
O Bailado no Nego Nagô....Autoria de muitos, ninguém assinou

O Bailado no Nego Nagô....Manejo de faca de corte e de flor
O Bailado no Nego Nagô....Caiu na ladeira e se levantou
O Bailado no Nego Nagô....A séria brincadeira do meu bisavô
O Bailado no Nego Nagô....O sangue da bairro que coagulou

O Bailado da “Dona” com sua bacia
No sapateado que a lei desafia
O Bailado, menino, que enganou a morte
E sem nutrição segue como pode
O Bailado de “tudo que a boca come”
Da sabedoria desses velhos “Homi”
O Bailado que toca “Sem eira nem beira”
Na roda da vida não se dá bobeira

O Bailado no Nego Nagô....Bate a alfaya, responde o agogô
O Bailado no Nego Nagô....Infame praquele que se acomodou
O Bailado no Nego Nagô....Da apatia somos o terror
O Bailado no Nego Nagô....Quem não esperava se assustou

O Bailado no Nego Nagô....O “Muro-Futuro” se apresentou
O Bailado no Nego Nagô....Sem dúvida alguma foi lá e pulou
O Bailado no Nego Nagô....O pulso que pulsa e não se cortou
O Bailado no Nego Nagô....A dança de guerra, justiça e amor

O Bailado leve da folha da cana
Na ponta dos pés se arma a trama
O Bailado de muitos, de minas, de manos
Daqueles que nascem em solo africano
O Bailado de todos, Idoso e menino
Dos que são “calientes” como Latinos
O bailado sou eu e é você
O Bailado são todos que querem viver!!!!

Essa é a letra de umas das canções mais recentes que está incorporada ao repertório da Brado...Uma canção sobre a identidade, afro-brasileira, violentada, sofrida, fruto de dor , do estupro da diáspora...mas resistente, persistente, mandigueira, malandra.....Sábia dos rítmos da vida, do equilibrio entre o ir e vir das ondas, das folhas ao vento, do balanço do busão...
o Bailado é a dança do dia-a-dia...E só acerta o passo “quem é”!!!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Faculdade Santo André é desocupada pela Tropa de Choque

Os/as estudantes decidiram greve!

Após seguidas denúncias de irregularidades administrativas com mais de noventa representações no ministério público e queixando-se do processo de privatização do ensino e do aumento absurdo nas mensalidades. Os/as estudantes decidiram ocupar a reitoria da Fundação Santo André (ABC paulista), uma autarquia pública de direito privado, ligada à prefeitura municipal. Em poucas horas, a ocupação da reitoria foi brutalmente reprimida pela tropa de choque, com spray de pimenta, cacetetes e a frase:"Vocês vão apanhar que nem LADRÃO!".

Os/as estudantes decidiram greve! E dentro da greve, com grande apoio do corpo docente, da comunidade vizinha e de munícipios do ABC, ergueu-se uma impressionante ocupação política e cultural na Fafil(Faculdade de Filosofia), com salas de aulas desobstruidas, atividades culturais com a comunidade, exposições de artes, etc: uma efervescência sem precedentes e uma GREVE! Denunciando os escândalos da administração e do sucateamento do ensino.

Dispostos/as a dialogar e a sair do prédio assim que suas reivindicações fossem atendidas, em nenhum momento, os/as estudantes tiveram suas pautas de reivindicações discutidas ou negociadas. O reitor e seus/suas funcionários/as comissionados/as não têm interesse em dialogar e preferem tratar os problemas acadêmicos processando quem os questiona ou através da polícia.

E, na última segunda-feira (15/10), a Assessoria Jurídica da Fundação Santo André, a mando do reitor Odair Bermelho e seus 50 cargos de confiança(não concursados), entrou com um processo contra 29 professores/as e 21 estudantes da Fafil. Uma ação que pretendia gerar medo e só causou mais indignação. A reunião do comando de greve decidiu continuar na faculdade.

Na quarta-feira (17/10), por volta das 13h30, chegou à FSA e andou pelo prédio DESOBSTRUÍDO, o oficial de justiça Antonio Testa Marchi, acompanhado dos advogados da reitoria, comunicando sobre o processo e mandado de reintegração de posse. Mas o absurdo maior ainda estava por vir.

Mesmo com o prédio desobstruído, às 2h25 da madrugada, a tropa de choque chegou sorrateiramente com cerca de 300 homens, desta vez munida de mandado (diferente das agressões na ocupação da reitoria). Os/as alunos/as e professores/as, aproximadamente 120 pessoas acompanhados de advogados, não reagiram e procuraram estabelecer um diálogo.

Na mesma madrugada, de quarta para quinta feira, a polícia, dizendo não julgar os méritos do movimento, FECHOU o prédio para que ninguém saísse, apressou os/as que lá estavam para desocupar o prédio em 5 minutos, senão seriam presos/as em ?flagrante?. Por volta das 2h50 alunos/as professores/as e advogados começaram a sair, de 5 em 5 pessoas, sem poderem levar as barracas do acampamento ou seus pertences, apenas saíram com seus documentos, tendo seus nomes e RGs anotados por uma fila de policiais sentados em nossas carteiras escolares.

A tropa de choque estava cumprindo mandado de reintegração de posse expedido pela juíza Vanessa Carolina Fernandes Ferrari, da 3ª Vara Cível da Comarca de Santo André. Mesmo o mandato sendo reintegração do prédio da Fafil, os policiais obrigaram os/as alunos/as a sair da fundação e ficar na rua aos gritos de: "Fora Odair!", "Estudantes em Luta, qual é sua missão? Tirar o Odair e defender a educação!" e "Amanhã vai ser maior!".

Porém, já na rua, policiais "à paisana" decidiram escutar as conversas entre alunos/as, professores/as e advogados. Ao serem descobertos, negaram ser policiais até o momento em que sacaram suas armas ameaçando os/as estudantes, em uma cena de uma ditadura. Os/as estudantes foram para o outro lado da rua e eles caminharam de volta passando pela frente da faculdade até o posto de gasolina, onde haviam estacionado sua ipanema preta, completamente "filmada".
Mais notícias,visite:http://ocupacaofsa.blogspot.com/

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Criolo Doido no Hutuz


Pois é povo...ói eu aqui de novo, escrevendo, pensando, denunciando, apoiando...


Dessa vez vou tratar de um assunto “bão”!!!


Algumas pessoas que vêm acompanhando o trabalho da Brado sabem que não temos uma definição musical fechada ou estabelecida com algum rótulo....Somos um bando de formação muito diversa, e temos entre nós gente que já tocou em bandas punk’s, Rock, praticante de Capoeira, Mc’s e Dj de rap, batuqueiro de boteco e por ae vai....


Por causa disso, inclusive, temos tido contato com “o povo” das mais diversas “tendências” nos meios culturais, artísticos e até político....E temos criado com muitos deles, uma relação de parceria, amizade, troca de experiências e energias Positivas!!!!


Esse é um caso específico do qual pretendo escrever, sem desmerecer nenhum outro, mas por conta do momento que está acontecendo....


Criolo Doido!!!! Desde de 99, ainda na época do Pacto Latino, temos tido contato com esse Mc do Grajaú, que vêm desenvolvendo seu trabalho com a persistência da água que bate na pedra, pra que em algum momento ela fure!!!!


Foi educador da rede pública de São Paulo, oficineiro de Teatro....e sempre Mc...


Sempre levando em suas letras a identidade “Grajaú”, a periferia com uma cara de quem quer encontrar saídas...Criador da Rinha dos Mc’s...Um dos projetos que mais tem envolvido o Hip-Hop do “eixo sul” (Grajaú, Iporanga, Parelheiros, etc), o Criolo está sendo indicado pra um dos prêmios de maior relevância do Hip-Hop Brasileiro, o Hutuz, em duas categorias.


Pra nós, que temos acompanhado a luta, as quedas e reerguidas desse “Sarará Criolo”, esse é mais um daqueles momentos em que um passo de uma longa caminhada se finca no chão, depois de tantos outros...E é preciso estar junto nessa caminhada, pra que outros passos sejam dados....


Não sei quantas pessoas que vêm ouvindo, lendo, participando ou convivendo conosco, conhecem esse trabalho.....Mas as oportunidades não faltam....O Myspace dele é uma dica:


http://www.myspace.com/criolodoidofavelahow



Pra quem já conhece o trampo dele, e reconhece essa sintonia, fica ae a sugestão de votar no mesmo, pra que esse Nego possa sair do Hutuz com os prêmios indicados:


http://www.hutuz.com.br/vot2007/



É isso ae povo!!!! Abraço, União, Diversidade e Força!!!!!


“Por um mundo onde caibam muitos mundos!”

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

2° Semana da Juventude em Atibaia


É isso ae povo....Nesse fim de semana agora (27 e 28) já estará acontecendo a 2° Semana da Juventude em Atibaia.
Trata-se de um evento organizado e realizado pelos próprios jovens, de diversas escolas do município, com uma programação cultural bastante variada, tendo desde teatro, malabares, música, dança, cine debate, jogos cooperativos, palestras, oficinas e muito mais, do dia 23 a 28.
O projeto tem apoio da prefeitura de Atibaia, mas sua organização está sendo feita pelos próprio jovens, e o objetivo é justamente a mobilização dos mesmos!!!
A Brado m'Bando estará realizando sua participação no domingo (segundo a programação estabelecida até então) , levando suas mensagens sobre reflexão, participação e procurando propor o debate sobre a situação social em que as comunidades carentes se encontram, sejam nas questões referentes à discriminação, quanto à busca de identidade e auto-estima.

Vai ser domingo, 28 de outubro, no Parque Edmundo Zanoni – Atibaia, Às 13:00

O desafio é de todos nós!!!!!!!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

III Fórum Social Sul


Pois é povo...A galera da Sul está se organizando pra traçar novos traços e rumos pra nossa comunidade, e está pra acontecer nesse quarto fim de semana de outubro o "III Fórum Social Sul".....


Segundo a divulgação:



"A proposta do III Fórum Social Sul é converter-se em um espaço democrático de troca de idéias e experiências, de articulação dos diversos atores sociais e, principalmente, de formulação de propostas que apontem saídas para os graves problemas que afetam os moradores desta e de outras periferias."



Vão rolar várias atividades programadas durante três dias (25, 26 e 27), com debates,oficinas, painéis além de um encerramento com arte e cultura, programado para o dia 27!!!



Vários projetos, Associações, Ong's, entidades, grupos e indivíduos, estão envolvidos!!!



Os interessados em saber mais sobre esse evento podem fazer contato pelos tel:35356869/55628793/92613867



Ou pelo email:fssgrajau.oficinas@yahoo.com.br



Site: http://www.forumsocialsul.org.br/

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Os Quilombos e o medo de outróra


Volta ao Mundo (Brado m'Bando)

Enquanto explode sua mente por mais lucros
Locando, emprestando, sendo investidor
Seu produto é a posse, e ela lhe convém
De geração em geração, disparidades se mantém

Não venha me dizer que lutou pra tudo ter
O seu “particular” da costa alheia floresceu
Mas nós insurgimos, e ninguém deve a ninguém
E a vida e o usufruto todos poderão ter

Ocupar (eh), Ocupar(eh)....Dá volta ao mundo
Ocupar(eh), Ocupar(eh)....Mundo dá voltas

Livres, livres....Pessoas e coisas
Livres, livres...O mundo e a vida
Livres, livres....Nenhuma propriedade
Livres, livres......DE VOCÊ....

Ocupa....Já vamo agora...

Está circulando na Internet e em alguns meios de comunicação impresso, uma série de informações sobre um movimento que se auto-denomina “Paz no Campo”, promovendo campanhas contra a medida do Governo Federal, em relação ao reconhecimento da posse de determinadas regiões por comunidades remanescentes de quilombos.
O “cabeça” do discurso contra o decreto é o “jornalista” Nelson Barreto, do Movimento Paz no Campo, escritor do livro "A Revolução Quilombola"....

(Leia e tire sua própria conclusão:http://livro-quilombola.blogspot.com/)
Suas idéias partem de princípios elitistas e preconceituosos, pois sua verdadeira preocupação não são as pessoas, e o direito de sobrevivência, dignidade e igualdade social, mas o da “propriedade”.
A propriedade, que no Brasil, se construiu a partir da expropriação de populações indígenas, e prosperou com a mão de obra escrava do africano.
A propriedade que permaneceu intocada durante o processo de abolição legal da escravidão, fazendo com que milhões de pessoas saíssem da condição de escravo pra de “sem-terra”, “sem-teto”, “sem-emprego”....Marginalizados!
O discurso dos mega-proprietários de terra no Brasil se repete como sempre...O discurso aprendido com os burgueses da Revolução Francesa, e muito mais pelos emancipados da Colônia Norte-Americana no Século XVII:
“A Propriedade é um bem Inalienável, garantido pela lei, pela constituição”...Pelo que chamam de “Estado de Direito”.
Direito de quem????
Quem deu esse Direito ao proprietário???
Por que o Estado de Direito garante o Direito do Proprietário se os “Não-Proprietários” são tão gente quanto eles???
E de onde veio essa propriedade???
Quem foi que permitiu que um grupo de pessoas se apossasse de uma determinada porção da natureza pra fazer de seu uso exclusivo/privado?
O Estado???
E quem deu ao Estado o direito de decidir quem poderia ser proprietário de determinada porção da natureza????
Embora a memória coletiva do brasileiro seja um tanto enfraquecida (o que me parece bem proposital), creio que precisamos fazer algumas observações históricas pertinentes aqui:
1 – As primeiras propriedades estabelecidas no Brasil (com esse caráter de posse na lei e não no espaço que se ocupa, ou terra que usa pra própria sobrevivência) iniciou-se com a colonização dos portugueses.
A coroa dividiu as terras em capitanias, arbitrariamente, e nomeou um grupo de representantes para “administrar” as posses reais.
2 – Quando o Brasil deixou de ser Colônia pra tornar-se Império, não ouve nenhuma mudança significativa na distribuição das terras.
Muitos investidores, lusitanos e brasileiros, continuaram a explorar a mão-de-obra escrava, e as mazelas sobre a população que descendia de índios e africanos (mesmo os alforriados) continuou.
3 – Quando foi declarada a República, embora tenham ocorrido muitas lutas, revoltas e tentativas locais de transformação, e a escravidão tenha sido declarada ilegal, o Brasil se manteve um país cuja estrutura agrária permanecera inalterada, do ponto de vista da distribuição e da geração de riqueza e de produção que beneficiasse a maioria.
4 – O período de modernização, urbanização e industrialização de certas regiões nos últimos 150 ano também não se alterou esse quadro de distribuição desigual e geradora de tantas mazelas sociais, como as vítimas das secas no Nordeste. Pelo contrário, com a centralização das propriedades, muitas famílias rurais foram obrigadas e saírem de seus “lugares” para irem sobreviver nas cidades, vendendo sua mão-de-obra barata.

Embora a coroa portuguesa não tivesse dimensão do quanto suas ações teriam conseqüências no decorrer de tantos anos, e alguns afirmem que as “Capitanias Hereditárias” não tenha dado certo, é justo afirmar que sua principal característica se manteve...A hereditariedade...
Os latifúndios de hoje são o resultado direto e indireto das ocupações coloniais, neocoloniais e desiguais, criadas com a ocupação portuguesa e mantidas nas mãos de poucos, durante as mudanças de regimes políticos, procurando sempre atender aos interesses dessas Elites Rurais, conservadoras e egoístas, representadas nitidamente na bancada ruralista do Congresso Nacional atual.
Graças a essa marca, o Brasil segue herdando o ranking de um dos países com maior desigualdade na distribuição de suas riquezas no mundo.

Os Quilombos foram, durante o período da escravidão, um dos poucos movimentos sociais que conseguiram, não apenas com suas idéias, mas também com sua ação, modificar parte dessa estrutura, criando comunidades livres, com um sistema comunal do uso da terra, possibilitando uma vida para os seus habitantes (em grande maioria ex-escravos) muito mais digna do que os que ainda estavam aprisionados e alguns libertos, que se encontravam marginalizados.
Seus remanescentes, descendentes de gente que lutou pra poder gerar uma vida nova e melhor, são hoje milhares, espalhados em vários lugares do território nacional, cada vez mais ameaçados de perder seus espaços, conquistados com o tempo e muita luta.
Por não estarem dentro do que o “Estado de Direito” da Burguesia chama de “proprietários”, os quilombolas são constantemente ameaçados de perder seus territórios para os grandes fazendeiros, empresas, investidores...Gente que vê esses espaços como fonte de mais riquezas, mais dinheiro, mais exploração pra aumentar os lucros.
Durante os últimos anos, o movimento de homens e mulheres negr*s no Brasil, vêm realizando uma ampla campanha, junto de outros grupos sociais, para que o Estado, apesar de sua condição tão contraditória, reconheça os territórios das populações quilombolas, a fim de lhes garantir a sobrevivência e a cidadania de fato.
Assim como as populações indígenas, que teve suas terras tomadas, e hoje tentam, nas reservas e terras demarcadas, sobreviver às investidas contra seu “lugar”, os quilombolas estão em busca de sua sobrevivência espacial, seu direito milenar, de quem foi arrancado de seu “lugar original” (a África) e trazido pra cá pra gerar o “bem estar” do colonizador, da corte, dos coronéis, dos patrões e seus herdeiros.

O que o movimento “Paz no Campo” e as críticas contra o decreto que garante a posse de determinadas porções de territórios, estão querendo, na verdade, é difundir idéias que confundam a população, utilizando-se de conceitos como “o direito perante a lei”, “raça brasileira”, “harmonia entre os povos”....
O que esse discurso esconde, de fato, é uma realidade há muito injusta, pois quando os descendentes de africanos tiveram seus corpos libertos pela lei Áurea, da “Dona Izabel”, tentou-se criar um conceito de que o Brasil era composto de um único povo, uma única raça, miscigenada e feliz, e que todos viviam em harmonia.No entanto, os muitos brasis existentes, a desigualdade de direitos e oportunidades, a exploração dos despossuidos, o uso da mão de obra em condições de semi-escravidão, o coronelismo (Tão presente em lugares como São Mateus, citado pelo autor da entrevista, onde uma elite de proprietários rurais dita as leis, a vida e a morte de toda uma cidade), são marcas de que o processo dessa suposta abolição foi feito com base no MEDO e nos interesses de quem jogou estrategicamente pra não perder sua condição de opressor.
É com esse mesmo MEDO, e estratégias manipuladoras, que esses grupelhos de classe média/alta voltam a gritar, receosos de perderem seus privilégios....
Receosos de verem as populações negras/quilombolas, orgulhosas e guerreiras, conquistarem um espaço que possa representar para os demais oprimidos, exemplos de que há alternativas à opressão.
Receosos de que esse decreto, que é fruto das lutas de muitos anos, seja o estopim para uma transformação ainda mais profunda, que possa ir escancarando as mentiras, lacunas e injustiças de tantos séculos, e comece o processo de reparação....Uma reparação que deverá cobrar os que oprimiram, fazendo com que os mesmos percam suas regalias, e compensar os que tanto foram oprimidos, devolvendo-lhes os frutos de seu “Sangue e Suor”.
MEDO de um fantasma que em outros cantos chamam de Socialismo....
MEDO do que aqui, é o Quilombismo de Zumbi!!!
O mesmo MEDO que os grandes escravocratas sentiam quando os Palmarinos partiam da Serra da Barriga pra saquear as fazendas e libertar seus irmãos!!!!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Razallfaya y Cabocrioulo...Açaí B&B


Foi nessa quinta que passou (ontem)...Tivemos mais uma parceira com a galera da Cabocrioulo, essa banda de Manaus, que está por aqui, em São Paulo, trazendo um bocado de sua energia e musicalidade brasileira.....
Foi no Açaí B&B, na Av Doutor Arnaldo, próximo da Estação da Clínicas....
A galera que colou foi, basicamente, os amigos (sempre trazendo sua boa energia e força) e mais um pessoal que frequenta o bar.
A Razallfaya fez seu repertório transitando pela música tupiniquin, passando por Jorge Ben, Tim Maia, Cordel, Cássia Eller e, como já é de lei, fazendo sua tradicional passada pelos forrós (apesar de o povo não estar muito empolgado pra dançar....Com a excessão do Douglas e da Silvia...é preciso lembrar...hehehe)
Fica em destaque a participação do Leandro (outro), o Beiçola, que mandou muito bem na voz, cantando "Não sei porque vc se foi", com a banda....
A Cabocrioulo fez seu repertório com a qualidade impecável...Mandaram seus sons próprios, além de fazerem versões de vários gêneros da música brasileira, passando por Vinicius, Los Hermano, Cordel e outras mais...
O Ponto marcante foi a "É isso mesmo", quando Mau Mau deixou sua percuteria e foi tirar uma onda com o povo presente, cantando "Eu sou um Hippie"....
Foi uma noite de pouca quantidade, mais muita qualidade!!!!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Ocupação da Fundação Santo André


Nesse sábado passado (29/09/07), a Brado m'Bando teve e oportunidade de estar presente na ocupação que os alunos da Fundação Santo André realizaram, como parte do processo de greve desencadeado pelos mesmos, em função de uma série de medidas adotadas pelo atual reitor,Odair Bermelho, no sentido de piorar a qualidade dos cursos e privatizar, formal e informalmente (já tratando como privado um serviço de caráter público e sem fins lucrativos) a estrutura da FSA!!!
O acampamento, que está no Campus universitário, demonstra a resistência de um grupo de alunos que já foi reprimido pela truculência policial, à mando do próprio Bermelho e seus comparsas (Vide matéria no Blog:
http://ocupacaofsa.blogspot.com/) e representa mais uma experiência que contradiz as máximas do Capitalismo Global, pois pode-se perceber uma grande produção coletiva de idéias e trocas de experiências, cooperação, trabalhos em conjunto, além da preservação de elementos fundamentais da cultura, no toque do berimbau, no canto de um samba, entoados em meio às atividades manuais e intelectuais....
Grande energia ficou registrada nessa noite de sábado, em Sto André, e esperamos ter contribuído, com nossas músicas, idéias e vibrações, fazendo com que essa chama continue "Brilhando nos olhos Escarlate"....

"Se nessa noite os ventos tiverem soprado pra longe...O Valentão do Odair, tremeu...."

Razallfaya


Além da Brado m'Bando, nosso projeto de músicas próprias, temos também um projeto paralelo com alguns membros do Bando, chamado Razallfaya...Trata-se de um projeto que faz versões de músicas diversas do repertório tupiniquim, partindo dos gostos variados dos tocadores...Transitando entre a MPB, o Rock, O Reggae, o Forró, entre tantos outros rítmos...Sempre versando com violão e percussão, trazendo uma sonoridade acústica e dançante...
Pra quem quiser ver, ouvir, sentir e dançar ao som dessa séria brincadeira, é só conferir no aniversário do Leandro Sequelle (Filhão), que é um dos percussionistas de ambos os projetos (o homem de 2025 braços)....

BRADO M'BANDO E BLOG

O que é Brado m'Bando e algumas idéias sobre esse espaço:
Brado m'Bando é a síntese da ideia que a banda quer passar....Um Brado, ou seja, um grito, uma expressão de nossas ideias, sentimentos, revolta, ações....É o grito que tentam emudecer com a paralisia da acomodação, da alienação, dos modismos que só anulam as personalidades....
Fazemos isso em Bando (com a nossa banda...hehehe), num coletivo que é indesejado por aqueles que conduzem a máquina do sistema, assim como Lampião tinha seu bando, considerado criminoso, por não aceitar os mandos e desmandos dos coronéis do Sertão.....Assim como Zumbi e os guerreiros dos quilombos eram chamados pelos que temiam as revoltas de libertação dos afro-descendentes.....Bando, como são chamados os grupos de ações diferenciadas, que não seduzidos pela "Confortável Redoma de Mentiras", seguem criando alternativas de vida e identidade, gerando crises de valores e espantos.....É isso...Um "Bando" que "Brada".....Um Brado em Bando.....Brado m'Bando!!!!
Estamos criando esse espaço como forma de trocar mais ideias, experiências e energias...Além de divulgar as atividades que formos organizar e/ou participar, bem como deixar os registros daquilo que tivermos participado...
Também é um espaço pra difundir as atividades, projetos, realizações, frustrações, problemas e soluções daqueles, que como parceiros, mantém sintonia com o trabalho, e são de certa forma, parte do BANDO...