quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Evento da Consciência Negra na Escola Maria Luiza (2007)

A primeira parte do projeto da Consciência Negra, da Escola Maria Luiza, esse ano contou com palestras e apresentações da Razallfaya (pela manhã) e Brado m’Bando/Razallfaya (pela noite).
Mais do que um evento “típico de escola”, essa é uma iniciativa que já vêm se desdobrando há alguns anos por parte de alguns organizadores....Desde 2003, quando fizemos a 1° edição no Carioba (Recanto Marisa), até no ano passado, na própria Maria Luiza...(passando pelas experiências do Washington, em 2004, e a “inesquecível” do Gaivotas, em 2005)
Pela manhã, tivemos dois palestrantes, dos quais um fui eu (Alan) e o outro foi o Leandro (Sequelle), e o “Pessoal da Rádio” ajudou na arrumação e decoração do espaço, com imagens ligadas ao tema.
Eu falei um pouco sobre a questão da presença do preconceito racial ainda nos dias atuais, por mais que algumas pessoas tentem esconder ou maquiar isso, usando como exemplos alguns itens estéticos como a noção de “cabelo bom ou ruim”, e trouxe para a galera um pouco da reflexão sobre “o que é ser negro hoje?”, enfatizando a Cultura como elemento fundamental na compreensão dessa discussão.
Trouxe a tona também, a idéia de que é preciso ter fundamento, conhecer as origens, raízes e significados das culturas para poder se identificar ou não com as mesmas.
O Leandro (Sequelle), que além de “percussionar” na Brado e na Raza (como já sabem os mais interados, ele é o homem de 5 milhões de braços...hehehehe), também é Mc, já atuou como Dj, e é uma figura bastante importante na organização daquilo que nesses últimos anos chamou-se Hip-Hop Grajaú.
A fala dele consistiu em demonstrar qual a relação entre o Hip-Hop, a Periferia e a Cultura Negra. Fez uma retrospectiva histórica, trazendo informações sobre os movimentos de contestação ao racismo presente nos EUA dos anos 60 e o papel fundamental de algumas pessoas que deram passos decisivos na formação do Hip-Hop.
Contou um pouco sobre como esse movimento chegou ao Brasil, no início dos anos 80, e da questão dos significados dos elementos do Hip-Hop, que são o Graffite, o Break, o DJ e o Mc.
A galera presente fez perguntas, entregando pro “Pessoal da Rádio” (galera porreta), que foram nos repassando...
Fechamos a manhã com uma seleção de canções que estavam ligadas ao tema, “de alguma forma”, e a energia foi totalmente positiva, com direito a coro, dança de professores, direção, alunos e tudo o mais!!!!
Na noite o evento teve uma programação com mais participações e atividades...
Os professores ajudaram na organização do espaço, da infra-estrutura e decoração....
A palestra contou com o professor José Roberto, que fez uma explanação sobre a história do processo de marginalização da população afro-descendente durante a história do Brasil, jogando-os para a exclusão dos benefícios e conquistas que se iam construindo, e de como esse processo foi maquiado pela história oficial.Para terminar essa parte, reproduzimos no telão, um trecho do filme “Ó paí ó”, selecionado pelo Zé, que deixou a galera vibrante!!!!
Eu e o Leandro fizemos uma retomada da discussão feita pela manhã...
Tivemos também a reprodução no telão do documentário “Brasil Crioulo”, produzido e baseado na obra de Darcy Ribeiro, que também pode ser visto (em três partes) aqui na NET, pelo You Tube:


http://br.youtube.com/watch?v=fX7FQUQL4W4
http://br.youtube.com/watch?v=XMDdT8YifTY&NR=1
http://br.youtube.com/watch?v=BXNisUfpWK4&feature=related


Fizemos uma abertura para que a galera pudesse realizar perguntas através de anotações enviadas à mesa, e contamos com alguns alunos como voluntários....
Para fechar a noite, a Brado m’Bando, com sua formação completa, fez um repertório misto de músicas próprias e versões de outros artistas, procurando trazer mais algumas idéias sobre o tema da noite...
A galera presente vibrou, cantou, dançou e trocou conosco muita energia positiva!!!
Apesar de algumas dificuldades técnicas (no som) e na organização (horários e arrumação de cadeiras) essa primeira parte do evento foi muito boa, deixando uma marca na memória dos presentes, realmente interessados, de que é possível fazer coisas diferentes na escola, que possam ser enriquecedoras de informação, conhecimento e diversidade no contato com o “Saber e Aprender”!!!